quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Um tom de amor





Hoje eu preciso de estrelas
Para iluminar o meu céu
Que já não brilha...
Se você pudesse tocar as pétalas
Daquela rosada flor
Se eu pudesse tocar o orvalho
Que essa fria manhã de inverno
Nos impõe...
Tudo seria mais concreto
Mas isso não quer dizer
Que não simpatizo com o abstrato
Fito os lírios, as cachoeiras
Os rios que passam
Os barcos que tombam
Os navios que chegam
A imensidão tão larga
Que me abraça
E me aperta o peito...
Fito teus olhos
Tão doces
Que sorriem para mim
Desmancho-me como areia da praia
Você me faz flutuar
Meu corpo sucumbe
Sou uma estátua grega 
Olhando a sua imagem
Em meu espelho
Somos um só
Somos seres distintos
Em apenas um reflexo
Você a orquestra
Eu o corpo de baile
E juntos somos intensos
Juntos percorremos
Todo azul cerúleo
Da paleta de cores
Mas aí a chuva vem
E faz um novo tom aparecer
De sol para dó
Me reviro, me espalho
O pincéis pintam borrões
Sou Dalí no âmago do seu fim.

Tamires de Lima