sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Você





Você me faz conjugar o verbo instigar
Diferente de outros, em qualquer lugar
Personalidade forte e declarada
Em cada verso da sua face mostrada...


Eu percebo cada detalhe, cada expressão
Em sua linha, de pensamento a flor cai sobre o chão


Será outono? Não sei...

Se fores agora o que farei?
 
Olhe a corda rapaz, acorde meu bem, acordes tocados livremente
Simbologias traçadas sobre sangue viril enaltecem
Por que não me olhas nos olhos? 

Você me esclarece?

Entre em sintonia comigo! 

Deixe-me ser teu jazigo
 Não brigues garoto, o preto que queres está sobre ombro pressuroso
Não sejas tão tolo se tentas me enganar com esse sorriso meticuloso
 
Não sinto o perfume da rosa que exala
Não vejo a hora que passa calada

Só sinto uma falta, sua falta

A água que escorre, percorre estradas
Percorre veleiros, percorre fachadas
O vazio continua, a voz grave ecoa
Só sua imagem permanece 

Com a misteriosa sonhadora.

Tamires de Lima

sábado, 8 de outubro de 2011

O futuro da nação




Agora vou lhes contar
Cum grande satisfação
A história de um caipira
No meio de uma confusão
Por causa de um assunto
Chamado preservação

O seu nome? Zé das Cabrita
O nome que falo aqui
Mas porque o meu cumpade
Era chamado assim
Eu também nunca entendi
Pois cabrita eu nunca vi

Mas vortando a história
Com o que acontecia
O Zé estava confuso
Valei-me Virge Maria
No meio de tanto matuto
Era aquela gritaria

É que ele tinha falado
Que o mundo tava no fim
Pra sua vaca Mimosa
Que tava cumeno capim
Mas a dona Generosa ouviu
E foi logo dizendo assim:

- Corre dona Filomena
Tu que parece um avestruz
Vai dizê lá na novena
Rezem pra ter uma luz
Pra correrem, se esconderem
O mundo se acaba em cruz

O escarcéu tava formado
Mas que grande confusão!
Até a vó Juventina
Com o vô Sebastião
Correram feito uma bala
Parecendo um tufão

Começaram a dizer
- A causa é um furacão
Outros diziam: - É nada
Parece que é um vulcão...
- Mas será que bicho é esse
Que abre um buraco no chão?

A mocinha que namorava,
Atrás da igreja, correu
Dizendo: - Vem amorzinho,
Vamos ver o que aconteceu
Deve ser o pai que vem
Com o facão “João Dirceu”

Filomena espalhou
O fato num instantinho
E como vocês estão vendo
Aumentou só um pouquinho
A história verdadeira

Que o Zé disse baixinho

E assim se sucedeu
E a história ia aumentando
E depois de um tempinho
Os temas foram alongando
Com várias explicações
De fulano e de beltrano

E ouvindo tudo aquilo
Zé das Cabrita a pensar
- Esse é o momento certo
Pra esse povo se ligar
Aprender a dar valor
E parar de desperdiçar

Então ele subiu no pé
De uma mangueira e falou
- Junto com todos vocês
Minha gente agora estou!
E nem terminou de falar
Que uma senhora não deixou

Lhe tomando a palavra
Não o deixou continuar
Com os olhos esbugalhados
Como se fossem pular
Perguntou com insistência:
- És Jesus pra nos sarvá?

O Zé ficou irritado
- Não é nada disso não!
Peço que agora ouçam
E prestem bastante atenção
Pois o assunto é muito sério
É sobre o futuro da nação

Todos sabem quem eu sou
Num preciso me apresentar
Então vou logo dizer
Para vocês explicar
Tudo que na minha garganta
Estava a engasgar!

Esse lugar de tanto encanto
Por nós tudo abandonado
Não sei em que estão pensando
Nosso mundo está largado
Pois com o nosso bem maior
Está faltando cuidado

Na natureza hoje em dia
Tem muita devastação
Pois pessoas matam as árvores
E matam por diversão
Num sabem que estão acabando
Com o bem dessa nação

Quantas vezes as pessoas
Falam em conservação
Fazendo vários projetos
Visando a preservação
Mas depois em um lugar perto
Jogam lixo nesse chão

É necessário atenção
Mas ninguém pensa em cuidar
E daqui a pouco tempo
Os nossos rios vão secar
E até as nossas casas
As enxurradas vão levar

A água é muito boa
Está em todo lugar
Mas com esse desperdício
Vai mesmo se acabar
Por isso cuidem bem dela
Pra vida continuar

Até a minha vaquinha
Que dá leite pra beber
Vai morrer de fome
Sem ter capim pra comer
E todos os nossos bichos
Não vão sobreviver

Ninguém mais se atreveu
Depois daquele sermão
A jogar lixo no ambiente
Poluindo o nosso chão
Passaram a todo dia
Pensar em conservação

Então tudo deu certo
Fazendo um final feliz
E eu espero que vocês
Escutem o que Zé nos diz
Seja João, Chico ou Maria
É só isso que se quis

Também pensem em cidadania
Vamos desse mundo cuidar
É necessário harmonia
Pra poder continuar
E a regra desse jogo
É apenas preservar

Tamires de Lima

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Poema fugaz


Experiências ilícitas
Sonhos perturbadores
Verdades indignas
Vive numa tortura
Numa ilusão mórbida
Que o arrasta
Para as trevas
Você me inspira
Você é o ar poluído
Mas me faz respirar
Você me atrai e faz com que
Eu pule pela janela
Da sacada e ache graça...
O teu olhar traiçoeiro
Tira-me do sério
Você é o vento frio
Que sopra em plena
Madrugada de inverno
Posso te chamar de nume
De pecado, de insensatez
Que é isso?
Queres que eu seja a da vez?
No seu mundinho
O sujo não é sem escrúpulos
Ele quer mais um gole de sangue
Parece insaciável...
Na luta de querer mais e mais
Tornou-se mais um
Ou será menos um?
Parece ser tão fugaz
Na intensidade dos teus atos
Mergulho e me afogo
Na sua beleza
Eu suspiro e me consolo
Talvez sejas agora
Minha única inspiração.

Tamires de Lima

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A dança




Vens dançar conforme a minha dança
Traz o teu corpo gélido
Que as minhas mãos cálidas
O envolverão em manto misterioso
Vens sentir o gosto
Do veneno intenso
Que escorre pelo corpo

Nos teus olhares
Sinto-me perdida
Sem perceber
Já estou envolvida
Como em um desses meus véus
E enquanto você me sorri
Eu rodopio pelo salão
No embalo do meu coração
Seduzo-te em minha lembrança

Tamires de Lima

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O agora



Não quero pensar no futuro
Quero viver o presente
Quero viver o agora
Não pensem que sou como aurora, pois
Vivo entre vales escuros
Vivo escutando murmúrios
Vivo entre grandes muralhas
Eu sou uma negação
Absolutamente não tenho coração
Não tenho sentimento
Sou como o vento
Que procura levar
O que encontra pela frente
Não sei mesmo cultivar o amor
Não sei dizer nada belo
Vejam minha vida é sem cor
Minha vida é sem cheiro
Minha vida é sem vida
Não tem a beleza da flor.

Tamires de Lima






quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sem direção



Cabeça vazia
Pensamento truncado
Queria ser uma folha
No alto daquela árvore
Esconder-me do mundo,
Da visão humana,
Dos anseios e medos

Ontem vi um cara de branco
Que cobria o rosto
Não sei o seu propósito,
Acho que não queria ser reconhecido
Sinto-me dessa forma...

Parem essa música,
O barulho me irrita!
Confunde minha cabeça.
Olhando para a assembléia
Minha mente vaga
Será que vou desmaiar?

Lembranças de rosas cálidas,
De pássaros encantados
Agora parecem tão distantes
No meio de um ermo me sinto
Vagando sem direção.

Tamires de Lima

domingo, 8 de maio de 2011

Mais um instante...




Só mais um instante
Só mais cinco minutos
Talvez apareça de repente
Como o vento...

O que aconteceu?
Ríspida se tornou a flor
Não conseguirei mais tocá-la
Não sentirei mais seu perfume
Não verei mais sua cor

Anos,meses,dias
Talvez se passem novamente
Trazendo a beleza do amor
Beleza essa que existe apenas
No coração de um sonhador...

Tamires de Lima




              

quarta-feira, 16 de março de 2011

Invenção




No arco da ponte
À luz do luar
A arte joga-se
Em meio à multidão

Suicida-se o medo
Suicida-se as trevas
Me jogo nessa imensidão

Escuto e não entendo
Apenas sinto
Sinto o vento brincar
Sinto a melodia no ar

O bêbado interrompe
Ponho-me a sorrir
Me jogo no tempo
Esqueço de ir

Ouço o som do cigarro
Ouço o soar da cruz
Sinto o cheiro dos passos
Sinto um gosto de luz.

Tamires de Lima

segunda-feira, 14 de março de 2011

Descanso



Acho que vou morrer hoje
Meu coração está muito apertado
Será que fiz tudo errado?
Uma angústia está invadindo o meu peito
Se continuar desse jeito
Não sei se vou agüentar...
Minhas pálpebras se fecham lentamente
Acho que vou dormir
Um sono lento e tranqüilo
E enquanto a Terra gira
O meu descanso é eterno.

Tamires de Lima