segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pássaro morto




Aquele pássaro que cantava em minha janela é o mesmo que hoje está sem vida ao chão. Mais um ser em decomposição. Mais matéria para um sopro de vida. 
Mas por quê? Por que mais? Por que mais um ser que animava a minha vidinha se foi? Foi sem ao menos me cantar uma última canção. Hoje paro, hoje penso, hoje calo. Deixa-me ao menos suas asas querido anjo alado para que nas manhãs de primavera eu possa voar ao teu encontro. Ou dá-me o seu cantar, para que junto com harpas eu possa entoar a melodia dos céus. Mas não, a única coisa que me deixas é o seu olhar triste. Sim, aquele olhar fixo e sem vida das noites gélidas de inverno. Hoje fostes solto. O cadeado da vida se rompeu e procuras outros jardins. Talvez mais floridos e perfumados que o meu. Os dias de sol não serão mais os mesmos. Calo-me olhando fixamente a sua figura inerte desenhada ao chão.

Tamires de Lima

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sonho de uma noite de carnaval


Era um finalzinho de tarde quando eu e meus amigos estávamos indo para um rodízio de pizza. Todos muito ansiosos, pois não havíamos comido nada desde o dia anterior para aproveitar melhor o momento. Na avenida larga, já era noite e os passos apressados pareciam que de nada adiantavam. De repente, um barulho surgiu em meio àquele silêncio. Um olhou para o outro se perguntando o que acontecia... Era um trenzinho lotado de pessoas fantasiadas que tocava frevo e desfilava pela cidade, acompanhado de uma variedade de bonecos de 3 metros que se acabavam de dançar. 

As mulheres estavam vestidas de fada, as meninas de bailarinas e os meninos de jogadores de futebol, enquanto os homens preferiam as fantasias de palhaço. Se bem que... Aguardem as próximas linhas. Estávamos alegres de conhecer o carnaval pernambucano. Começamos até mesmo a cantar as marchinhas “Se a canoa não virar olê, olê, olá eu chego lá”. Porém, como quem não queria nada, veio em minha direção, em passos lentos, um homem com um spray na mão. Estava tão distraída com os bonecões que nem vi que o mesmo me seguia. De repente, senti uma coisa gelada próximo ao ouvido.Ele jogou todo o spray em meu rosto. - Ahhh, que raiva!!!  Eu exclamei irritada, limitando-me a dizer apenas isso. Na verdade queria chamá-lo de... Bom, vamos esquecer, também porque ele não tinha culpa. Eu que era sortuda de ter amigos tão legais que pediram para ele fazer aquilo, destruindo a maquiagem que eu havia levado horas para terminar. 

Depois desse episódio apressamos ainda mais os passos e quando atravessamos a ponte passando para o lado baiano, pensei que finalmente iria me deliciar com a bendita pizza. Engano meu. Ao descermos da barca avistamos um bloco onde todos se divertiam e pulavam como loucos. O pagode estava muito animado e uma multidão acabou nos puxando para aquela folia. Começamos a dançar “Ai se eu te pego”, mas quem me pegou de verdade foi a fome. Não tinha mais forças para suportar aquela situação. Pensei comigo mesma que se saísse daquele sufoco dividiria as minhas fatias de pizza com algum dos meus amigos. 

Desolada olhei para o céu que estava repleto de estrelinhas brilhantes e logo percebi que havia algo diferente. Uma corda tinha sido jogada do alto, em meio à avenida. Era um helicóptero que nos tirava daquele tumulto. Voamos uns dez minutos na tranqüilidade, sonhando em tirar a barriga da miséria, mas... Tudo foi em vão. O piloto estava indo em direção ao sudeste e nos deixou justamente em meio a uma escola de samba que desfilava incansavelmente. Mestre sala, porta bandeira, mulatas. Por todo lado que olhava todos sambavam e sorriam para os ventos. Naquele instante minhas esperanças haviam acabado. Decidi simplesmente curtir o momento e acabei descobrindo que tinha samba no pé. Ali estava eu e meus amigos cantando o samba enredo conformados, sem saber que no final de tudo o “rango” era certo. 

E assim aconteceu, quando tudo finalizou houve pizza para todos os lados. O cheiro era muito bom... Delícia que fez nossas bocas encherem d’água. A fatia havia sido tirada, mas quando ia levá-la à boca ouvi um grito. Minhas pálpebras se abriram rapidamente e o sonho acabou bem no momento em que eu ia comer. Meus amigos bradavam sem cessar... Estava no sofá deitada, sonhando e babando, enquanto todos riam da minha cara. Pior que isso só mesmo o vídeo que postaram no youtube. Agora, de verdade, ia comer a pizza. Mas, desta vez pedimos por telefone, pois depois de um pesadelo desses era melhor prevenir do que sambar.

Tamires de Lima