mural de Diego Rivera |
- Ai ai ai, carrapato não tem pai
Diziam aos hijos de la chingada
Que brincavam no terreiro
Os donos dos carrapatos
Os donos do pedaço
Queriam extingui-los
Do meio, daquele espaço
Ai ai ai, carrapato não tem pai
Mataram os carrapatos
Com uma bola de bilhar
Que brincavam no terreiro
Os donos dos carrapatos
Os donos do pedaço
Queriam extingui-los
Do meio, daquele espaço
Ai ai ai, carrapato não tem pai
Mataram os carrapatos
Com uma bola de bilhar
Ps: Hijo de la chingada é uma expressão mexicana que traz uma carga simbólica devido ao seu contexto histórico. Os "hijos de la chingada", segundo Octavio Paz, são aqueles filhos de mulheres que foram estupradas/violentadas. O autor explica o porquê dessa expressão no México: ela faz referência ao "estupro" histórico, cultural e ideológico que a civilização nativa dessa pátria sofreu. Voltando um pouco no tempo, em meados de 1521, com a sua tecnologia militar os espanhóis derrotaram os astecas, visando tomar o território do México. Nesse período, a Espanha contou com a vantagem do enfraquecimento da força de combate indígena, após à morte desses nativos em decorrência de doenças do Velho Mundo levadas pelos espanhóis (principalmente a varíola). Após esse episódio de "conquista", os homens espanhóis passaram a "tomar para si" as mulheres companheiras dos indígenas, violentando-as. O ato de estupro muitas vezes resultava no nascimento de crianças. Assim, os mestiços mexicanos eram considerados “hijos de la chingada” e é essa ideia que trago no poema. Já a imagem que utilizei é uma reprodução do mural "La historia de México: de la conquista al futuro", pintado entre 1929 e 1935 pelo Diego Rivera.
Tamires de Lima