Os pingos de chuva molham o asfalto
Onde deslizam os carros enxutos e molhados
Eles espirram furiosos para todos os lados
Ressacas poluentes e insistentes náufragos
Leva ao delírio os lábios apressados
Essa chuva que insiste em cair serena
Determinando o ranger de dentes ansiosos
Estradas inundadas, olhares claustrofóbicos
Perdendo o ritmo olhando nuvens cinzas
Escravizado em poças e em grandes saltos hipnóticos
A orla fluvial vira um caos furado
Depois do noticiário mostrar todos os estragos
Eu só olhei pela janela o líquido caindo
Não desejei romper o ciclo natural da água
A respirei em sua forma gasosa
Toquei o orvalho no despetalar das praças
Tamires de Lima