terça-feira, 27 de março de 2012

Sentidos opostos



Despiu-se em pétalas
Senhora dos sonhos
 Teu corpo exalava 
Perfumes florais
Teu seio ardente
Gritava veloz
Essência divina
Em gotas de orvalho
Luar refletia
Os teus olhos negros
Sentia tão perto
Sem poder tocar
Eu anjo insano
Jogado às sombras
Tu bela sem fera
Exposta ao luar
O corvo gritava
Desejo intenso
Enquanto brincavas
Sonhando acordada
Teu corpo exposto
Em noite escura
Eu verme inerte 
Em fria madrugada
Teus lábios volúpia
Meus lábios sedentos
Sentidos opostos
De uma mesma estrada.

Tamires de Lima

sábado, 10 de março de 2012

Avivador



Eu sou a amargura na madrugada de festa
Eu me desmancho em lágrimas 
Eu sou o corvo que grita incessante
Eu sou a sua triste sonata

Eu sou o espanto 
O medo do escuro
O muro quebrado 
Pelos solavancos da vida
Eu me transformei em ferida
E preciso de alguém para curá-la

Eu sou os olhos molhados
Sangrando, jorrando
Coração aos pedaços
Os fios de cabelo jogados ao ralo
O canto sombrio, vazio
O choro calado.

Tamires de Lima

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pássaro morto




Aquele pássaro que cantava em minha janela é o mesmo que hoje está sem vida ao chão. Mais um ser em decomposição. Mais matéria para um sopro de vida. 
Mas por quê? Por que mais? Por que mais um ser que animava a minha vidinha se foi? Foi sem ao menos me cantar uma última canção. Hoje paro, hoje penso, hoje calo. Deixa-me ao menos suas asas querido anjo alado para que nas manhãs de primavera eu possa voar ao teu encontro. Ou dá-me o seu cantar, para que junto com harpas eu possa entoar a melodia dos céus. Mas não, a única coisa que me deixas é o seu olhar triste. Sim, aquele olhar fixo e sem vida das noites gélidas de inverno. Hoje fostes solto. O cadeado da vida se rompeu e procuras outros jardins. Talvez mais floridos e perfumados que o meu. Os dias de sol não serão mais os mesmos. Calo-me olhando fixamente a sua figura inerte desenhada ao chão.

Tamires de Lima

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sonho de uma noite de carnaval


Era um finalzinho de tarde quando eu e meus amigos estávamos indo para um rodízio de pizza. Todos muito ansiosos, pois não havíamos comido nada desde o dia anterior para aproveitar melhor o momento. Na avenida larga, já era noite e os passos apressados pareciam que de nada adiantavam. De repente, um barulho surgiu em meio àquele silêncio. Um olhou para o outro se perguntando o que acontecia... Era um trenzinho lotado de pessoas fantasiadas que tocava frevo e desfilava pela cidade, acompanhado de uma variedade de bonecos de 3 metros que se acabavam de dançar. 

As mulheres estavam vestidas de fada, as meninas de bailarinas e os meninos de jogadores de futebol, enquanto os homens preferiam as fantasias de palhaço. Se bem que... Aguardem as próximas linhas. Estávamos alegres de conhecer o carnaval pernambucano. Começamos até mesmo a cantar as marchinhas “Se a canoa não virar olê, olê, olá eu chego lá”. Porém, como quem não queria nada, veio em minha direção, em passos lentos, um homem com um spray na mão. Estava tão distraída com os bonecões que nem vi que o mesmo me seguia. De repente, senti uma coisa gelada próximo ao ouvido.Ele jogou todo o spray em meu rosto. - Ahhh, que raiva!!!  Eu exclamei irritada, limitando-me a dizer apenas isso. Na verdade queria chamá-lo de... Bom, vamos esquecer, também porque ele não tinha culpa. Eu que era sortuda de ter amigos tão legais que pediram para ele fazer aquilo, destruindo a maquiagem que eu havia levado horas para terminar. 

Depois desse episódio apressamos ainda mais os passos e quando atravessamos a ponte passando para o lado baiano, pensei que finalmente iria me deliciar com a bendita pizza. Engano meu. Ao descermos da barca avistamos um bloco onde todos se divertiam e pulavam como loucos. O pagode estava muito animado e uma multidão acabou nos puxando para aquela folia. Começamos a dançar “Ai se eu te pego”, mas quem me pegou de verdade foi a fome. Não tinha mais forças para suportar aquela situação. Pensei comigo mesma que se saísse daquele sufoco dividiria as minhas fatias de pizza com algum dos meus amigos. 

Desolada olhei para o céu que estava repleto de estrelinhas brilhantes e logo percebi que havia algo diferente. Uma corda tinha sido jogada do alto, em meio à avenida. Era um helicóptero que nos tirava daquele tumulto. Voamos uns dez minutos na tranqüilidade, sonhando em tirar a barriga da miséria, mas... Tudo foi em vão. O piloto estava indo em direção ao sudeste e nos deixou justamente em meio a uma escola de samba que desfilava incansavelmente. Mestre sala, porta bandeira, mulatas. Por todo lado que olhava todos sambavam e sorriam para os ventos. Naquele instante minhas esperanças haviam acabado. Decidi simplesmente curtir o momento e acabei descobrindo que tinha samba no pé. Ali estava eu e meus amigos cantando o samba enredo conformados, sem saber que no final de tudo o “rango” era certo. 

E assim aconteceu, quando tudo finalizou houve pizza para todos os lados. O cheiro era muito bom... Delícia que fez nossas bocas encherem d’água. A fatia havia sido tirada, mas quando ia levá-la à boca ouvi um grito. Minhas pálpebras se abriram rapidamente e o sonho acabou bem no momento em que eu ia comer. Meus amigos bradavam sem cessar... Estava no sofá deitada, sonhando e babando, enquanto todos riam da minha cara. Pior que isso só mesmo o vídeo que postaram no youtube. Agora, de verdade, ia comer a pizza. Mas, desta vez pedimos por telefone, pois depois de um pesadelo desses era melhor prevenir do que sambar.

Tamires de Lima

domingo, 22 de janeiro de 2012

Te quero pra mim




Eu quero você 
Me pegando no colo
Se enrolando em meus cachos

Em sol, praia e mar


Eu quero você 
Sorrindo pra mim
Dizendo que sim

E deixando eu te amar



Eu quero você 
Todas horas do dia
Dizendo bom dia
E a noite também

Eu quero a palavra
Que me arrepia
Que me faz fantasia 
Ao chamar de meu bem 

Eu quero a delícia 
Da tua mordida
Do sabor desta vida
Do sereno cantar 


Eu quero o acorde
Mais lindo tocado
Eu quero o gingado

De você a dançar


Eu quero o suor 
Que sai do teu corpo 
Olhar em teu olho
E chamar de paixão 

Eu quero o gesto 
Mais lindo existente 
Um beijo ardente 
Em pura explosão


Eu quero menino 
A sua atenção
Oh, sonho tão doce

Que eu sempre quis 


 Eu quero o teu cheiro
Que persegue tanto
Que causa encanto

E me deixa feliz


Eu quero provar 
Tua doce bebida 
Te quero pra sempre 
Não quero um fim 

Eu quero sentir 
Teu abraço bem forte
Seja em sul, seja em norte
Te quero pra mim

Tamires de Lima

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mergulho ao coração


Em águas cristalinas
Um banho sem igual
Renovo-me por dentro
Sublime e especial
Nos olhos desenvolvo
Nos lábios pura expressão
Em meio a tantos náufragos
Mergulho em teu coração

Tamires de Lima

domingo, 8 de janeiro de 2012

Conectado ao seu coração




Átomo primordial
Estrela irradiante
De tão doce sorriso
Coração exorbitante

De voz suave, sublime
Como acordes da chuva que cai
Olhar centrado, maligno
Que aos poucos se desfaz

Seduz de forma branda
És raio, és trovão
Com o som de sua sinfonia
Consolo meu coração

Com tamanha nitidez
Me invade a solidão
Parece-me tão real
Desvarios, ilusão...

Logo percebo a realidade
Num céu distante estás 
Ao lado de outras estrelas 
De outros astros brilharás

Procuro uma lembrança
Algum sonho talvez...
Encanto gera pranto
Perdi o jogo de vez


Mas presente está sua essência
Estrela cadente em explosão
O espaço fico observando
Conectado ao seu coração.

Tamires de Lima

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Um novo ato



Quando então o show acaba,
As velas se apagam,
O choro entra e converte tudo em lágrimas

Coração pulando pela boca
Sentimento amargo que invade alma
Arrependimento por algo certo
Convexo, complexo
Errado

Fale-me sobre sua vida
Conte-me seu passado
Noites em claro, jogado ao lado
Peito aberto, apunhalado
Visões estremecidas
Olhos baixos
Frio que faz morder os lábios
E congelar o coração
Ele pulsa, repulsa e cala

Saia de mim
Pule para fora do meu eu

Um verde sorriso
Um olhar tracejado
Molhado, regado com água dos mares
Os vales não são os mesmos
Todo seu regalo foi jogado ao vento
Num piscar de olhos

Universo falso, tremendo
Tremendo como os meus lábios

Esvaece agora todo o castelo em chamas
O recomeço brada o meu nome
Incessantemente

Adeus tão nobre oblíquo
Terra à vista me espera

Ponho minha âncora enfim
Saio do mergulho intenso
E piso os meus pés em terra firme
As luzes se acendem para um novo ato.

Tamires de Lima