segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pássaro morto




Aquele pássaro que cantava em minha janela é o mesmo que hoje está sem vida ao chão. Mais um ser em decomposição. Mais matéria para um sopro de vida. 
Mas por quê? Por que mais? Por que mais um ser que animava a minha vidinha se foi? Foi sem ao menos me cantar uma última canção. Hoje paro, hoje penso, hoje calo. Deixa-me ao menos suas asas querido anjo alado para que nas manhãs de primavera eu possa voar ao teu encontro. Ou dá-me o seu cantar, para que junto com harpas eu possa entoar a melodia dos céus. Mas não, a única coisa que me deixas é o seu olhar triste. Sim, aquele olhar fixo e sem vida das noites gélidas de inverno. Hoje fostes solto. O cadeado da vida se rompeu e procuras outros jardins. Talvez mais floridos e perfumados que o meu. Os dias de sol não serão mais os mesmos. Calo-me olhando fixamente a sua figura inerte desenhada ao chão.

Tamires de Lima

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